Começa com uma linda história de amor, um demônio amaldiçoado a ter um coração e uma arcanjo que o ridicularizava por isso. Ele teme, o maior marco que tivera foi o sofrimento, porém o coração teimoso sem permissão continua batendo. Em ritmo e harmonia, cativa o anjo que se aproxima, o demônio antes inseguro se rende à sensação, deixando-o bater livremente. Quando de repente ela apunhala o pequeno coração, ele cai para trás aturdido em um mar de dor e terror, se retrai instintivamente em proteção, o anjo toma-lhe uma parte de seu coração ensanguentado e parte para o além.
A dor é agoniante, lhe fora arrancado um pedaço valioso de si mesmo. Poderia apenas se deitar ali e sangrar até morrer mas não pode, por ainda há seu filhote que ainda precisa dele, não é sua hora ainda e pede para os que lhe sobrou "cicatrize pequenino, e rápido..." e atendendo ao senso de responsabilidade o pequeno coração se remenda, rápido demais, ruim demais, uma cicatriz medonha assume o lugar das bordas laceradas, uma cicatriz horrenda e inflexível.
Seu filhote cresce,
agora está até em um relacionamento, ele relaxa, seu coração finalmente
consegue bater sem a dolorosa inflexibilidade da cicatriz, mas nesse momento de
relaxamento uma cisão irrompe entre seu filhote e o outro, o demônio busca pela
causa de tal e se enoja de si pela própria omissão. Pior que isso, a criatura
que antes amorosa e dedicada se afogava em ódio, ele luta contra uma tempestade
para puxar o ser para um recife. Exausto, deita-se sobre a rocha e vê seu
filhote com suas lindas asas de veludo, em um golpe, apunhala seu coração recém
libertado novamente abrindo-lhe um talho e tirando-lhe um pedaço. Por um
momento vê a arcanjo mas seguindo as asas emplumadas percebe que olha seu
filhote. Se engasga com uma golfada surda do próprio sangue na garganta,
duplamente horrorizado, a dor mais intensa do que a primeira vez, se encolhe
sobre a rocha e chora.
À sua frente o
semblante da outra criatura, seu pelo azul escuro com uma discreta faixa
laranja percorrendo a extensão de seu focinho. Junto à dor a culpa se acumula,
não, não provocou o sofrimento daquele ser, mas tão pouco tentou evitá-lo e por
não tê-lo feito é parcialmente
responsável. Novamente implora "não posso deixá-lo" e o pequeno
coração agora tem duas cicatrizes horrendas e inflexíveis... Ele teme e o
protege desesperadamente enquanto tenta cuidar de não deixar o ser de pelagem
azul escorregar para a própria morte.
O tempo passa, as sequelas não. Tenta estar presente o máximo possível e acompanhar o ser de pelagem azul principalmente em seus momentos sombrios, não era melhor que ele, também estava alquebrado, mas tira forças do além para tentar ajudá-lo, é sua responsabilidade, fizera esta escolha. No meio da noite escura um cometa envolto em fogo pousa perto deles, as labaredas dançam do solo em uma beleza selvagem, de dentro um outro ser recoberto de escamas rubras e negras surge.
O tempo passa, as sequelas não. Tenta estar presente o máximo possível e acompanhar o ser de pelagem azul principalmente em seus momentos sombrios, não era melhor que ele, também estava alquebrado, mas tira forças do além para tentar ajudá-lo, é sua responsabilidade, fizera esta escolha. No meio da noite escura um cometa envolto em fogo pousa perto deles, as labaredas dançam do solo em uma beleza selvagem, de dentro um outro ser recoberto de escamas rubras e negras surge.
Seus instintos
gritam em advertência ao provável perigo, entretanto o ser se aproxima
irradiando calor que conforta sua alma deformada e silencia seus medos.
Carinhoso e fofo, impossível de manter garras em riste. O ser de escamas se
aproxima, Ele baixa a guarda, deixando-se levar pela carícia que a muito não
sabia mais o que significava. O tempo se passa e pelo calor daquele pequeno ser
de escama o coração do demônio volta a
conseguir bater indolor, então outra punhalada lhe trespassa e ele cai com um
ganido mudo. Outro pedaço, a dor latente e o sangue escorrendo, com uma vontade
titânica, vira a cabeça. Por um segundo pensou ter visto o preto e vermelho de
seu filhote, a visão turva se ajusta e distingue-se o ser de escamas. A lua se
estende prateada no céu noturno, em seu alvo brilho distingue-se o semblante da
arcanjo "Tauriel! Porque me persegue? Por que me odeia? Qual foi o tamanho
mal que lhe causei?"
A centenas de metros
vê o ser de pelagem azul descansando. Com um grunhido rosnado força a si mesmo
a se mover, novamente, é necessário. Outra cicatriz horrível se instala, ele
olha o ser de pelagem azul e sorri melancolicamente "seu pedaço está guardado
para quando for sua vez de usar a lâmina", fraqueja e cai
"Levanta!" rosna para si mesmo e então nota outro de escamas negras
só que com contraste em verde esmeralda, indaga com uma curiosidade e humor
sombrios "será que finalmente chegou aquele que vai dar o golpe de
misericórdia?".
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